
A Inteligência Artificial (IA) está no centro das discussões atuais devido à sua impressionante capacidade de reconhecimento de linguagem natural e processamento de dados. No entanto, ao mesmo tempo em que impressiona, também desperta preocupações e incertezas.
Uma das visões sobre a IA é a de que seu objetivo final seria superar e substituir o ser humano. Nesse cenário, a máquina assumiria o protagonismo, e os médicos se tornariam meros auxiliares. Muitos acreditam que esse é o futuro inevitável da tecnologia.
O bilionário Bill Gates, no documentário O Futuro de Bill Gates, menciona investir em projetos que buscam a substituição total da medicina convencional pela IA, especialmente para atender à alta demanda por serviços de saúde em países subdesenvolvidos. Segundo essa visão, apenas a IA teria capacidade para suprir as necessidades globais na área médica.
No entanto, há outro conceito de IA que coloca o médico no centro do processo, utilizando a tecnologia como uma ferramenta de suporte. Essa abordagem é conhecida como Inteligência Aumentada. De forma semelhante, já utilizamos hoje a Inteligência Algorítmica, que fornece ferramentas para otimizar o trabalho do profissional de saúde, permitindo maior precisão e eficiência no atendimento.
O especialista chinês Kai-Fu Lee, autor de livros sobre Inteligência Artificial, defende que a substituição total dos médicos pela IA não deve ocorrer no curto prazo. Em vez disso, ele acredita na criação de agentes que utilizem a literatura médica para gerar conhecimento em tempo real. Na China, essa abordagem já é uma realidade. Lee reconhece que os dois caminhos — substituição e ampliação — coexistem, mas enfatiza que a interação humana é essencial para a prática médica, um desafio que a IA dificilmente conseguirá superar.
A tecnologia sempre desempenhou um papel fundamental na medicina, tornando-se inseparável dela. O receio mais comum é que a profissão médica, como a conhecemos, desapareça, e que diagnósticos passem a ser fornecidos exclusivamente por máquinas. Afinal, quem confiaria plenamente em um diagnóstico gerado por uma IA fria e sem emoções? Embora as máquinas sejam capazes de realizar cálculos altamente precisos, ainda enfrentam dificuldades para compreender a complexidade do ser humano.
No contexto clínico, a IA deve continuar evoluindo como uma ferramenta essencial para os profissionais da saúde. A Inteligência Algorítmica já se faz presente em sistemas de gestão, como prontuários, agendas, contas e faturamento, atendendo milhares de clientes satisfeitos. Da mesma forma, a Inteligência Aumentada está permitindo que médicos ampliem seu conhecimento e realizem trabalhos mais complexos com maior precisão.
Na Medware, estamos avançando nesse campo. Nossas soluções para laudos já contam com análises automatizadas, e acreditamos que, em breve, desenvolveremos prompts ainda mais precisos. Isso permitirá potencializar o trabalho dos médicos por meio de agentes especializados, baseados em diretrizes e consensos das sociedades médicas brasileiras. O futuro da IA na medicina não precisa ser uma questão de substituição, mas sim de colaboração e aprimoramento da prática médica.
Moisés Nogueira de Faria
CEO da Medware